terça-feira, 14 de novembro de 2023

Respondendo a um muçulmano

"Se os judeus na Europa tivessem aceitado Jesus como seu Salvador  acho que não seriam perseguidos"

É fundamental destacar que fazer uma ligação direta entre a perseguição dos judeus durante o Holocausto e sua aceitação ou não de Jesus como Salvador pode ser problemático pelos seguintes motivos: 

Generalização e Reducionismo Religioso:

Afirmar que a perseguição aos judeus poderia ter sido evitada simplesmente pela aceitação de Jesus como Salvador reduz a complexidade histórica e social do Holocausto. O evento foi resultado de uma interação complexa de fatores, incluindo antissemitismo histórico, políticas autoritárias, e circunstâncias econômicas.

Diversidade Religiosa e Cultural:

A Europa era e é uma região culturalmente diversa, com uma variedade de crenças e práticas religiosas. Reduzir a perseguição dos judeus a uma questão de escolha religiosa ignora a rica tapeçaria de identidades culturais e religiosas que coexistiam na Europa.

Antissemitismo Histórico:

O antissemitismo tem profundas raízes na história europeia, muito antes da era do nazismo. A ideia de que a aceitação de uma única fé poderia ter evitado séculos de preconceito é simplista e não leva em conta a longa história de estigmatização dos judeus.

Violação dos Direitos Humanos:

O Holocausto foi uma violação brutal dos direitos humanos, incluindo o direito à liberdade de religião. Argumentar que a aceitação de uma determinada crença teria evitado tal atrocidade é questionar o princípio fundamental da liberdade religiosa.

Responsabilidade dos Perpetradores:

A responsabilidade pela perseguição e genocídio recai sobre os perpetradores, não sobre as vítimas. Culpar as vítimas por não adotarem uma determinada fé para evitar perseguições desloca a responsabilidade moral das ações dos perpetradores.

Culpar as vítimas por não adotarem uma fé específica não apenas simplifica demais a situação, mas também pode ser insensível diante do sofrimento humano significativo que ocorreu durante esse período sombrio da história.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Vamos falar sobre a não euclideanidade do espaço?

Todos já sabemos que espaço não é euclidiano devido a descobertas e desenvolvimentos na teoria da geometria a partir do século XIX. Antes disso, a geometria euclidiana, formulada por Euclides na Antiga Grécia, era amplamente aceita como a descrição correta da geometria do espaço. A geometria euclidiana é baseada em um conjunto específico de postulados que descrevem como os pontos, linhas e ângulos interagem no espaço.

No entanto, a geometria euclidiana demonstrou ser inadequada para descrever algumas situações do mundo real, especialmente em escalas macro e micro. Um exemplo claro disso é a noção de que uma reta é sempre a menor distância entre dois pontos. Na geometria euclidiana, esse axioma é fundamental e, portanto, uma linha reta é sempre o caminho mais curto entre dois pontos.

A teoria da relatividade de Albert Einstein revolucionou nossa compreensão do espaço-tempo. A relatividade geral, proposta por Einstein, descreve o espaço-tempo como curvo devido à presença de massa e energia. Isso significa que as trajetórias de partículas são afetadas pela gravidade, e o conceito de uma reta como a menor distância entre dois pontos é modificado.

Um exemplo prático disso é a descrição de como a luz se comporta em um campo gravitacional. De acordo com a relatividade geral, a luz segue a curvatura do espaço-tempo e pode ser curvada ao passar perto de objetos massivos, como estrelas ou buracos negros. Isso significa que o caminho que a luz percorre não é uma linha reta no sentido euclidiano, mas sim a trajetória mais curta no espaço-tempo curvo.

Além da relatividade geral, outras áreas da matemática e da física, como a geometria não euclidiana, também demonstraram que o espaço pode ter propriedades diferentes das descritas pela geometria euclidiana. A geometria não euclidiana inclui a geometria hiperbólica e a geometria elíptica, que têm postulados alternativos que levam a resultados geométricos diferentes dos da geometria euclidiana.

Em resumo, o espaço não é euclidiano porque a teoria da relatividade e outras áreas da matemática e da física mostraram que o espaço pode ser curvo e que a noção de uma reta como a menor distância entre dois pontos não é universalmente válida. Em situações com campos gravitacionais significativos ou em geometrias não euclidianas, as retas podem não representar o caminho mais curto, tornando a geometria euclidiana inadequada para descrever a totalidade da realidade física.


A discussão sobre a não euclideanidade do espaço em relação à relatividade e à geometria não euclidiana pode ser enriquecida ao citar o renomado físico e cosmólogo George Gamow e sua obra "123 Infinity," ou "Um, Dois, Três... Infinito" em tradução para o português. George Gamow, um dos cientistas brilhantes do século XX, desempenhou um papel significativo na divulgação científica e na exploração de conceitos complexos de maneira acessível ao público em geral.

Em seu livro "123 Infinity," Gamow aborda a ideia de infinito, que está intimamente relacionada ao conceito de não euclideanidade do espaço. Ele explora o fascinante mundo da matemática, da física e da cosmologia, levando os leitores a uma jornada que vai além dos limites da compreensão humana tradicional. Gamow discute como a geometria não euclidiana e a relatividade de Einstein desafiam nossas noções convencionais de espaço e tempo.

George Gamow destaca, de maneira envolvente, como a teoria da relatividade de Einstein alterou nossa percepção do espaço como um ambiente estático e tridimensional, introduzindo a ideia de espaço-tempo curvo. Isso significa que o espaço não é mais concebido como uma mera "folha em branco" na qual linhas retas representam a menor distância entre dois pontos. Em vez disso, ele descreve o espaço como uma entidade dinâmica e em constante evolução, onde a presença de massa e energia causa a curvatura do espaço-tempo.

Gamow também faz referência à geometria não euclidiana, que é um tópico crucial em sua obra "123 Infinity." Ele demonstra como os postulados alternativos da geometria não euclidiana, como os de Lobachevsky e Riemann, desafiam as suposições da geometria euclidiana e abrem caminho para a compreensão de espaços com curvaturas diferentes.

Portanto, a obra de George Gamow oferece uma perspectiva valiosa e acessível sobre como a geometria não euclidiana e a relatividade de Einstein desempenham um papel crucial na redefinição de nossa compreensão do espaço e do infinito, mostrando que o espaço não é euclidiano, mas sim uma entidade dinâmica e flexível, que pode ser curva, reta ou hiperbólica, dependendo do contexto e das forças envolvidas. Essa relação entre a obra de Gamow e o tema da não euclideanidade do espaço enriquece nossa compreensão da complexidade do universo e das teorias que o descrevem.

Daniel Guisse

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Filantropia Pessoal e Caridade Institucional: Reflexões sobre o Auxílio aos Necessitados

 As instituições governamentais, em seus comunicados solenes, emitem uma enérgica advertência acerca da prática da benevolência individual. Com efeito, a filantropia pessoal está experimentando uma notória decadência. Os frutos da compaixão humana não devem ser entregues diretamente ao desafortunado, mas sim destinados às Organizações Não Governamentais e às entidades públicas, a fim de sustentar seus quadros funcionais e dirigentes, financiar movimentos políticos e suportar despesas relacionadas a aluguel, administração, propaganda e transporte. Ao final desse processo, se algo remanescente estiver disponível, este pode ser convertido em sopas distribuídas aos desfavorecidos, perante as lentes das câmeras, em nome da exaltação de um político.

Neste rincão da nação, subsistem indivíduos que abominam a corrupção oficial. Contudo, permitam-me declarar que minha aversão se direciona à caridade institucional.

Há aqueles que argumentam: "Mas se entregarmos dinheiro ao necessitado, ele o dissipará em álcool na primeira esquina!". Se assim desejar, que o faça! Assim que a quantia está em seu poder, ela lhe pertence. Pretendem instruir o desvalido nos caminhos da cidadania, mas, de antemão, negam-lhe o direito de dispor de seu dinheiro a seu bel-prazer? Almejam educá-lo, sem antes reconhecê-lo como um cidadão livre que, afligido pela penúria, possui o direito de se embriagar tanto quanto o faria, com as devidas adaptações, um banqueiro insolvente? Desejam instruí-lo, impondo-lhe a ultrajante mentira de que sua pobreza configura uma forma de menoridade, uma inferioridade biológica que o incapacita para administrar os três ou quatro reais que lhe foram concedidos como esmola? Não! Se desejam educá-lo, devem começar pelo mais elementar: ser civilizados. Tratar o necessitado com respeito, chamá-lo de "senhor" ou "senhora", indagar sobre sua moradia, se o valor que lhe foi conferido é suficiente para proporcionar abrigo, perguntar se carece de alimento, medicamento ou amizade. Realizem isso diariamente e, em um período de três meses, testemunharão o mencionado indivíduo emergir da condição miserável, endireitar a postura, buscar uma ocupação e, por fim, alcançar o sucesso.


Trecho adaptado do texto original "Pobreza e grossura", de Olavo de Carvalho.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Paulo Francis e a Petrobrás

 

Paulo Francis foi um jornalista, escritor e comentarista brasileiro, nascido em 1930 e falecido em 1997. Ele desempenhou um papel significativo no cenário jornalístico e cultural do Brasil ao longo de sua carreira. Conhecido por sua perspicácia, estilo provocativo e polêmico, Francis ganhou notoriedade principalmente como colunista e comentarista político, sendo um dos nomes mais influentes da imprensa brasileira nas décadas de 1980 e 1990.

Em sua carreira, Paulo Francis manteve uma relação próxima com a Petrobras, a gigante estatal do petróleo no Brasil. Ele era crítico ferrenho das práticas da empresa e denunciou casos de corrupção e má gestão que ocorreram dentro da Petrobras. Suas críticas e denúncias frequentemente irritaram a alta administração da empresa e figuras políticas ligadas a ela. Em consequência de suas revelações e da forma contundente como as expunha, ele acabou sendo alvo de processos judiciais movidos pela Petrobras.

Os processos legais movidos pela Petrobras contra Paulo Francis, que acusavam difamação e calúnia, trouxeram uma considerável pressão sobre sua saúde. A exposição pública e o estresse decorrente das batalhas judiciais, somados às ameaças e tensões, podem ter contribuído para o agravamento de seu estado de saúde. Em 1997, Paulo Francis faleceu devido a complicações de um enfarte, e muitos acreditam que o estresse causado pelos processos judiciais e as controvérsias em torno de seu trabalho jornalístico desempenharam um papel importante na deterioração de sua saúde.

A morte de Paulo Francis levantou discussões sobre a liberdade de expressão e a importância de um ambiente saudável para o jornalismo investigativo no Brasil. Sua trajetória é lembrada como um exemplo das complexas relações entre a imprensa, o poder político e as grandes corporações, e como essas tensões podem ter consequências sérias para a saúde e a vida dos jornalistas que desafiam os interesses estabelecidos.

Daniel Guisse

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Sem conhecimento não existe sabedoria

O filósofo Sócrates, na Grécia Antiga, afirmava que "o único bem é o conhecimento, o único mal é a ignorância". Essa afirmação ressalta a importância do conhecimento como base para a evolução do ser humano. Através do conhecimento, indivíduos e sociedades podem avançar, superar desafios e construir um mundo melhor.

Aristóteles, discípulo de Sócrates, destacou que "a educação é o melhor recurso para a velhice". Os estudos são a ferramenta essencial para a aquisição e expansão do conhecimento. Sem estudos, a sabedoria não pode ser alcançada, pois a sabedoria deriva do conhecimento profundo e reflexão sobre o mundo e a experiência.

A Bíblia, uma fonte de sabedoria espiritual para muitos, também destaca a importância do conhecimento. No livro de Provérbios 4:7, lê-se: "A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria, emprega tudo o que possuis na aquisição de entendimento." Este versículo sublinha a necessidade de adquirir conhecimento como a base para a sabedoria.

Em resumo, o conhecimento desempenha um papel fundamental na busca pela sabedoria. Filósofos como Sócrates e Aristóteles, juntamente com passagens da Bíblia, enfatizam a importância de adquirir conhecimento através dos estudos como o caminho para a sabedoria. Enquanto a sabedoria é valiosa, ela depende do conhecimento profundo e da reflexão sobre a vida e o mundo ao nosso redor. Portanto, é seguro afirmar que o conhecimento é mais importante do que a sabedoria, pois é a fundação sobre a qual a sabedoria é construída, e é uma ferramenta essencial para o progresso individual e coletivo. 

Daniel Guisse

sábado, 16 de setembro de 2023

Vincent van Gogh: A Arte Além da Escuridão

 


Vincent van Gogh nasceu em 1853, nos Países Baixos, e desde cedo demonstrou seu interesse pela pintura. Mas antes de se tornar um dos mestres do impressionismo, ele passou por algumas reviravoltas na vida. Uma curiosidade que nem todo mundo sabe é que Van Gogh trabalhou como vendedor de livros, professor e até mesmo como pregador religioso antes de se entregar à sua verdadeira paixão: a arte. 

A vida pessoal de Van Gogh  é recheada de histórias intrigantes. Ele era conhecido por sua intensidade, sendo uma pessoa que mergulhava de cabeça em tudo o que fazia. Isso se refletia em suas relações pessoais, e ele tinha um relacionamento complexo com seu irmão, Theo, que era seu maior apoiador financeiro e emocional. Aliás, Theo desempenhou um papel crucial em sua carreira artística, fornecendo suporte constante.

E as orelhas de Van Gogh? A história mais famosa é que ele cortou parte de sua orelha durante um surto de insanidade, mas a versão completa é um pouco mais complicada. Após um desentendimento com o colega de arte Paul Gauguin, Vincent teve esse surto e acabou mutilando sua própria orelha. Um ato extremo, sem dúvida, que demonstra a intensidade emocional que permeava sua vida.

Van Gogh é conhecido por suas obras vibrantes e cheias de vida. Suas pinceladas ousadas e o uso criativo da cor o tornaram um dos ícones do pós-impressionismo. Quadros como "A Noite Estrelada" e "Girassóis" são amados em todo o mundo por sua beleza e energia. Uma curiosidade interessante sobre suas pinturas é que muitas delas foram criadas enquanto ele estava no hospício em Saint-Paul-de-Mausole, na França. Van Gogh transformou seu sofrimento em arte e continuou pintando mesmo em meio a desafios pessoais.

Infelizmente, a vida de Vincent van Gogh foi marcada por altos e baixos, e ele faleceu aos 37 anos, após lutar contra a depressão e a instabilidade mental. 

Daniel Guisse

domingo, 10 de setembro de 2023

Paulo Maluf: Do Ciclovia Marginal à Retórica Resplandecente

Mestre da retórica, conhecido por sua habilidade inigualável de moldar o debate político, Paulo Maluf proferiu palavras que resistem ao teste do tempo, incrustadas na memória coletiva como joias reluzentes. 

"Dê-me um ponto de apoio, e moverei o Brasil" - proferiu Maluf, em 1969, ao assumir sua primeira gestão como prefeito de São Paulo. O contexto era marcado por uma cidade em expansão, necessitando desesperadamente de intervenções audaciosas. Em resposta a esse clamor, o astuto político engendrou a "Ciclovia Marginal Tietê", um projeto monumental destinado a romper as amarras da mobilidade na metrópole.

No auge de sua segunda administração, de 1993 a 1996, Paulo Maluf lançou um mantra que ecoa ainda hoje: "Nenhum paulistano ficará à mercê do trânsito infernal". Sob seu férreo comando, o metrô "Fura-Fila" surgiu como um fênix, conectando as sinuosas entranhas da cidade e proporcionando uma alternativa de transporte público eficaz. Água potável e saneamento básico, outrora um sonho distante, se tornaram uma realidade para os menos afortunados, e o "Túnel Ayrton Senna" emergiu como um oásis no caos do tráfego. A medicina e a educação, pilares da sociedade civilizada, receberam atenção cuidadosa, com hospitais e escolas florescendo como jardins de conhecimento e cura. 

Na esfera pessoal, o exímio orador demonstrou sua versatilidade, evocando suas paixões automobilísticas: "Na pista política ou nas pistas de corrida, o segredo do sucesso é o mesmo: velocidade e determinação." A incrível memória de Maluf, sua herança política, estendia-se ao domínio de estatísticas e resultados de corridas, revelando seu intelecto multifacetado. Sua busca por conhecimento era implacável, tendo obtido diplomas em engenharia e economia. Como um eterno aprendiz, Paulo Maluf transcendeu a política tradicional, incorporando um compromisso inabalável com a excelência em múltiplas esferas do conhecimento.

A rivalidade entre Paulo Maluf e Mário Covas, duas águias políticas em um mesmo céu tempestuoso, permanece uma narrativa épica na história política do Brasil. Um embate memorável entre esses titãs ocorreu em 1985, durante a campanha pela Prefeitura de São Paulo. Covas ousou criticar as administrações passadas, incluindo a de Maluf, alegando ineficiência na gestão pública. Mas Maluf, com sua maestria oratória, ergueu um escudo de palavras, refutando as alegações com uma eloquência que ecoa nos anais da história. Em um momento que se inscreveria nos anais da política brasileira, ele declarou: "Os resultados falam por si, e a população de São Paulo sabe que meu compromisso com o desenvolvimento da cidade é inquestionável."

Assim, essa rivalidade histórica persistiu, gerando debates apaixonados e momentos inesquecíveis na política paulistana, demonstrando o fervor e comprometimento desses líderes com suas visões divergentes para o futuro da cidade.

Apesar das controvérsias, Paulo Maluf deixa um legado imorredouro na política brasileira. Seu papel, que ecoa nos salões do poder e nas conversas de cafés, transcende as fronteiras do tempo, permanecendo uma figura inquestionavelmente significativa na história política do Brasil.

Daniel Guisse

terça-feira, 19 de julho de 2022

Dialética e retórica na visão de Sócrates, Platão e Aristóteles. (Tese, antítese e síntese)

Aristóteles, Platão e Sócrates são filósofos gregos que contribuíram significativamente para a discussão sobre retórica e dialética. Vou explicar a diferença entre esses dois conceitos, bem como as definições de tese, antítese e síntese, conforme se relacionam com suas filosofias.

Sócrates:

Sócrates não deixou muitos escritos, mas suas ideias foram registradas por seus alunos, principalmente Platão. Ele era um filósofo que acreditava no poder do diálogo e da investigação crítica. Sócrates estava mais interessado na dialética do que na retórica. Para ele, a dialética era o processo de fazer perguntas e responder a elas de maneira aprofundada para buscar o conhecimento e a verdade. Ele estava preocupado com a busca da "elenchus" ou refutação de argumentos falaciosos. No método socrático, a tese representaria a posição afirmada, a antítese seria a contestação ou questionamento dessa tese, e a síntese era a resolução ou a conclusão alcançada após um debate crítico.

Platão:

Platão, discípulo de Sócrates, também estava mais inclinado à dialética do que à retórica. Para Platão, a retórica era vista com desconfiança, pois acreditava que poderia ser usada para persuadir as pessoas sem se preocupar com a verdade. Na obra "Górgias", Platão critica a retórica como uma arte de enganar. Em contraste, a dialética, como a entendia Platão, era o processo de questionar e examinar ideias para alcançar a verdade e o conhecimento. A tese representaria uma crença ou ideia, a antítese seria a negação ou contestação dessa crença, e a síntese era a busca da verdade por meio do debate e da investigação.

Aristóteles:

Aristóteles, por outro lado, fez uma distinção mais clara entre retórica e dialética. Ele reconheceu que ambas eram importantes, mas tinham objetivos diferentes. Aristóteles definiu a retórica como a arte de persuadir, especialmente em contextos públicos, como tribunais e assembleias. A retórica visava ao uso eficaz da linguagem e da persuasão para influenciar a opinião das pessoas, independentemente da verdade ou da falsidade do que estava sendo dito.

A dialética, para Aristóteles, era um método de investigação lógica e filosófica. A tese representava uma afirmação, a antítese era a negação dessa afirmação e a síntese era a conclusão lógica e a resolução alcançada após a análise crítica de ambas as partes. A dialética tinha o objetivo de chegar à verdade por meio do exame minucioso de argumentos e ideias, ao passo que a retórica tinha o objetivo de persuadir e influenciar uma audiência.Em resumo, Sócrates e Platão estavam mais preocupados com a dialética como um meio de busca da verdade, enquanto Aristóteles fez uma distinção mais clara entre retórica e dialética, com a retórica sendo uma ferramenta de persuasão e a dialética sendo um método de investigação lógica e filosófica. Tese, antítese e síntese são conceitos que se relacionam com o processo de debate e análise crítica, com o objetivo de alcançar a verdade e o conhecimento na dialética.

Daniel Guisse